A Armadilha da Procuração Comum: Por Que Ela Não Protege em Caso de Incapacidade
Descubra por que a procuração comum falha em casos de incapacidade e como proteger sua família com instrumentos jurídicos corretos.
10/3/20252 min read


Quando falamos em planeamento para incapacidade, o primeiro passo é desfazer um mito perigoso: a ideia de que uma procuração comum é suficiente para proteger o seu património e a sua vontade.
Muitas famílias confiam nesse instrumento, acreditando que basta nomear alguém de confiança — cônjuge, filho, irmão — para resolver qualquer problema caso o titular não possa mais decidir por si. Mas, na prática, a realidade é bem diferente.


O Que é uma Procuração e Para Que Serve
A procuração é um instrumento legal útil em situações de conveniência. Permite que o outorgante (quem concede os poderes) autorize outra pessoa de confiança a agir em seu nome. É prática para tratar de assuntos bancários durante uma viagem, ou para delegar tarefas burocráticas a um assistente, por exemplo.
O ponto central é que o outorgante continua capaz de tomar decisões, dar instruções e revogar os poderes a qualquer momento. Essa característica, que é a sua maior força, também se revela a sua maior fragilidade quando o assunto é incapacidade.
Onde Está a Falha Crítica
A lei brasileira é clara. O artigo 682 do Código Civil determina que a procuração perde a validade no exato momento em que o outorgante se torna incapaz de expressar sua vontade.
Ou seja: o documento em que muitos confiam deixa de ter efeito justamente quando mais seria necessário.
Qualquer ato praticado após esse momento — como movimentações bancárias ou venda de bens para custear despesas médicas — pode ser considerado nulo, deixando a família sem meios legais de agir.
Quando a Procuração Falha: o "Limbo Jurídico" da Curatela
Na ausência de um instrumento adequado, a família só tem uma saída: recorrer à curatela, obtida por meio de um processo judicial de interdição.
Esse processo, embora importante em muitos casos, traz consigo algumas dificuldades:
É demorado e oneroso: envolve advogados, perícias médicas e fiscalização constante do Ministério Público.
Pode contrariar a sua vontade: a escolha do curador cabe ao juiz, que pode nomear alguém diferente da pessoa que você escolheria.
É limitado e burocrático: para atos relevantes, como a venda de um imóvel, o curador precisa de autorização judicial específica.
Em resumo: a curatela protege, mas à custa da autonomia e da agilidade necessárias em momentos críticos.
Conclusão: Da Conveniência à Segurança
A procuração comum é excelente para situações do dia a dia, mas não é um mecanismo de proteção em casos de incapacidade. Confiar nela para esse fim pode deixar a sua família em dificuldades justamente quando mais precisa de soluções rápidas e seguras.
O planeamento eficaz exige instrumentos jurídicos próprios, criados para serem ativados em situações de incapacidade e que garantem que a sua vontade seja respeitada, sem depender exclusivamente da decisão de um juiz.
👉 Próximos Passos:
Se o tema lhe despertou atenção, não deixe de acompanhar o nosso próximo artigo, onde vamos apresentar uma alternativa moderna e eficaz: o Mandato Duradouro, conhecido como a "procuração à prova de incapacidade".
E se deseja começar já a refletir sobre o seu planeamento, procure orientação jurídica especializada. Tomar essa decisão hoje pode fazer toda a diferença amanhã.
Próximo artigo da série
👉 Mandato Duradouro: A "Procuração à Prova de Incapacidade" Que Garante a Sua Vontade
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